CASE REPORT
Introdução: Neurocitoma extraventricular (NE) é uma neoplasia de baixo grau que se origina do sistema nervoso central (SNC), sem envolver as estruturas ventriculares. Usualmente localizado no lobo frontal, seguido pelo temporal, parietal e occipital. Raramente pode se originar na região selar ou na medula espinhal. Nesse artigo descrevemos um caso operado no nosso serviço e realizamos uma breve revisão da literatura a respeito desta rara neoplasia. Relato de caso: Paciente feminina de 58 anos, admitida devido a quadro de cefaléia iniciado há 3 meses, com piora progressiva. Referia vertigem e quedas frequentes sobre seu lado esquerdo. Na admissão, apresentava-se em Glasgow 15, sem alterações no exame neurológico. Na ressonância magnética (RNM) de crânio, foi identificada uma lesão expansiva heterogênea frontal esquerda, sem realce ao contraste, com edema perilesional adjacente, exercendo efeito de massa e desvio de linha média. A hipótese inicial foi de glioma. Paciente foi submetida a microcirurgia para ressecção da lesão. Foi utilizada uma incisão de Soutar, seguida por uma craniotomia frontal esquerda e ressecção completa da lesão. O procedimento foi realizado sem intercorrências. Paciente recebeu alta hospitalar dois dias depois, apresentando hemiparesia direita completa e proporcionada grau IV+. O resultado da pesquisa imunohistoquímica confirmou o diagnóstico de neurocitoma extraventricular. A paciente foi submetida a radioterapia adjuvante e manteve seguimento ambulatorial sem sinais de remissão de doença. Discussão: NE é uma neoplasia rara, caracterizada como um tumor neuronal e glial. Geralmente consiste em uma lesão única, grande (>40mm), bem definida, com moderado edema perilesional e calcificações puntiformes. Se originaram na substância branca dos hemisférios cerebrais, envolvendo frequentemente o lobo frontal. Devido às suas características histológicas que se assemelham a outras lesões do SNC (especialmente oligodendrogliomas), o diagnóstico histológico pode ser desafiador. O NE é constituído por células pequenas, ovais e uniformes, com um citoplasma claro e halo perinuclear. Apresentam diferenciação neuronal sem atipias, pleomorfismos, proliferação ou necrose endotelial. Baixa taxa de mitose está presente, assim como positividade à sinaptofisina. O tratamento consiste na combinação entre ressecção cirúrgica, radioterapia e, em alguns casos, quimioterapia. Conclusão: NE deve sempre ser lembrado como um possível diagnóstico diferencial de lesões expansivas intracranianas. O objetivo deste artigo foi enfatizar o papel e importância da imunohistoquímica e dos marcadores neuronais no diagnóstico desta rara neoplasia.
1Universidade São Caetano do Sul, São Paulo, SP, Brasil.
2Neurosurgery Department, Faculdade de Medicina do ABC, Santo André, SP, Brasil.
Received July 27, 2024
Corrected Aug 10, 2024
Accepted Sept 5, 2024